segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mania de teares e afins




Depois de muita reflexão pós aposentação, decidi virar-me de corpo e alma para as habilidades manuais.

A escolha não foi fácil. Tinha várias saídas: bordar, tocar instrumentos: acordeão, piano, cavaquinho, castanholas, ferrinhos, tecer, pintar, trabalhar a porcelana, etc.etc.

Como todas as habilidades são interessantes e perigosamente excitantes, decidi-me por todas. Naturalmente não faço bem nenhuma delas. Mas o Homem é um ser imperfeito por natureza e a perfeição é um fétiche, logo, não há que ter preocupação de maior!

Mas há um objecto que me fascina! O tear manual. Aquele mesmo onde as nossas avós teciam as mantas paras as camas em farrapinhos de muitas cores, aproveitando todo o tipo de trapo, que naquela altura ainda não tinham marcas.

Comprei um em segunda mão, mas o negócio não foi lá muito bom. Apresenta muitas deficiências é todo cravado e confesso que nem para peça de museu aquilo dá. Mas, o negócio está feito e eu tinha que ter mais visão e perguntar mais sobre o assunto que não dominava e ainda não domino.

Agora tenho um, em cada casa. O mais recente é uma bela peça, do Século passado que estou a restaurar aos poucos. É em madeira de eucalipto e está quase novo. Tive que lhe substituir os liços e o pente corre o risco de ser substituído também, mas por agora vai ficar. Sinto um enorme prazer em andar de roda dele e estou mortinha por encetar uma peça de tecelagem.
Tecer faz-me lembrar a vida: feita de bocadinhos, uns mais coloridos, outros mais escuros. De vez em quando tenho que acertar os fios, apertar ou alergar conforme a obra. Ir cuidando do estilo e também da imagem...
Exactamente como na minha vida pessoal!