domingo, 24 de março de 2013

Os nossos teares!


São 3. O primeiro é robusto, pesado e impossível desmontar. Teria que usar o martelo e não quero "magoar". É original, embora algumas peças correspondam ao que é mais prático: liceiras em metal, pente também, sistema de travagem com grandes rodas dentadas, etc.
Um que restaurei é lindo! Tem pente em palhinha, liceiras em algodão e trabalha muito bem, embora seja quase peça de museu. Por isso tem um tratamento especial, quase como se fosse um "bibelot"
Outro que já foi tear de "guerra" é desmontável e já está "habituado" a levar com o martelo sempre que o queremos transportar para as feiras/exposições. Está preparado para levar teia porque tem dois orgãos com 50 e ou 70 centímetros. Está velhinho, mas continua a dar o seu "melhor".
É sempre um prazer criar peças novas nestes três teares. Pena é que nem sempre haja vontade, pois de quando em vez as nossas costas e sobretudo mãos acusam um cansaço muito grande. As mãos com calos e as costas com golpes de rins. Mas é o que temos e assim vamos andando.
Quando os nossos teares estão para "assistência" são limpos e encerados com cera de abelhas. Ficam muito bonitos e também cheirosos. Estamos sempre atentas à bicharada que os ataca e nessas alturas fazemos uma espécie de desparatização se assim se pode chamar.
É preciso manter em bom estado o material que nos custou a ganhar e que não encontramos senão por elevado valor. Eu continuo a preferir os teares antigos, embora considere que os mais modernos podem ser mais fáceis de desmontar e transportar. Mas gozo mesmo é trabalhar com estes muito velhinhos que por vezes até saltam quando os puxamos pelo pente!!!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Novo ano, nova vida!!

O nosso stock não podia estar mais pobre!. Temos sempre a mesma atitude no início dos anos civis: - Vamos trabalhar, nem que para isso se roubem horas de sono!!
Mas ficamos sempre pelas boas intenções e só quando estamos "em cima" do acontecimento é que recordamos o quanto temos que trabalhar!
Este ano é um ano crítico para as vendas. Embora os preços que praticamos sejam praticamente de "saldo", temos consciência que se não for assim, ninguém compra. Como também sabemos que jamais enriqueceremos com o artesanato, então que dê, pelos menos para os gastos.
Vamos ocupar-nos essencialmente com o artesanato do farrapo. Criar peças novas é imperativo para os que já nos conhecem de outras feiras! Por isso, obrigamos-nos a criar, criar...o que não é fácil. Ou seja, por um lado peças baratas, acessíveis, por outro peças novas, bem elaboradas. Ainda não fizemos nada nesta matéria, mas algo vai sair, porque em tempo de crise é quando aparecem as melhores ideias. Assim seja. Haja paz, amor e muita alegria!

domingo, 14 de agosto de 2011

Viana e o artesanato


A festa de Nossa Senhora da Agonia é a romaria mais pitoresca e procurada da zona Norte. Acorrem turistas, emigrantes, cidadãos de todas as raças e feitios, quer para vender, quer para comprar e, naturalmente, para adorar a Senhora da Agonia, única no seu esplendor.
Do princípio ao fim, todas as jornadas festivas são uma maravilha para todos os visitantes. Gente que enche as ruas, procurando o que de mais belo a cidade oferece.
Não perco nunca uma ida à cidade por esta altura ou não vivesse eu em Darque, de frente para o rio, a cidade e Santa Luzia.
Um dia destes, à noitinha, resolvemos dar uma volta. E por que não passar no jardim é pecado, aproveitamos para apreciar as tendinhas do artesanato. Muito interessante algum, muito visto e até revisto outro!
A organização continua a apostar nos bordados, nos corações e nas flores. Nada contra os bordados e as flores, não fosse o excesso de tendas com o mesmo. Na verdade, em todos os "stands" via-se uma mistura de tecidos bordados, tecidos de fantasia (lenços de Viana), para adornar, e nos mais de 60 stands, muito poucos se viram com uma temática artesanal pura. Nalguns parecia mais uma venda de Natal.
Por isso, entristece-me que, com tanta gente a concorrer para apresentar o seu produto, com tanta valia artesanal e tanta capacidade para inventar, se procure, sempre (sempre...), o que já farta de tanto ver: bordados e mais bordados, corações e mais corações, trapos e mais trapos, etc. etc. Quererá dizer isto que os "stands" são como os lugares cativos nas bancadas dos clubes desportivos? É que se for, Deus nos valha! Não há pachorra para tanta "promiscuidade" artesanal!
A ver se para o ano que vem, a organização seleciona o artesanato pelo que vale e não pelas "cunhas" !!!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Verão é sinônimo de artesanato

O Verão aproxima-se e com ele as lides das feiras de artesanato. Apesar de não haver grande stock, vamos concorrer àquelas que nos parecerem mais apelativas.
As feiras são também um motivo para conhecer Portugal no seu melhor: paisagem, gastronomia, gentes, usos e costumes, etc.
Sempre regressamos a casa com um saco cheio de recordações e de experiências. Estas nem sempre boas, mas no geral nem sempre más. Gostamos de conviver embora nem todos sirvam para convívio. O "mundinho" dos negócios é muito agressivo e, no caso, os artesãos nem sempre respeitam o seu parceiro de profissão: por desconfiança ou por inveja.
Embora se trate de situações esporádicas, a convivência tem de ser como na cozinha: qb.
Para quem está fora do ambiente familiar, sente-se a falta da companhia que se busca naqueles que nos parecem mais simpáticos ou mais experientes. Quase sempre se encontram pessoas prontas a ajudar, a dar conselhos, mas muito poucas a ensinar a sua arte, por receio de ser copiada, medo de perder o negócio, ou simplesmente porque não sabem nada sobre o que exibem como artesanato.
Pessoalmente, e a princípio, gostava de dizer aos artesãos que nos procuravam, como fazemos e que materiais utilizamos na nossa arte, mas aos poucos fui-me apercebendo que a simpatia e a admiração pelos nossos trabalhos não era sincera. Tinha como fundamento adquirir as técnicas para depois mostrarem que afinal esta ou aquela peça não tinham ciência nenhuma.
Mas encontramos também pessoas que não só apreciavam como nos ofereciam materiais. Gratificante é mesmo sentir que algumas pessoas, infelizmente muito poucas, apreciam e não se mostram ameaçadas pela troca de conhecimentos.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Registos e afins

O Senhor Santo Cristo dos Milagres! Açores.
É uma imagem de rara beleza. Corresponde ao nosso Senhor dos Amarrados, Nosso Senhor da Pedra e outros Cristos representativos da nossa religião cristã e também testemunhos da nossa fé.
Sempre que vou aos Açores, a visita ao Senhor Santo Cristo é uma exigência para mim. Em parte nenhuma me sinto tão próxima de Jesus Cristo. Tenho por ele verdadeira admiração.
Fui contemplada com uma graça especial e ninguém me tira da idéia que recebi um milagre através da oração a tão nobre figura de Cristo. Venero esta imagem e sinto-me em paz.
Quando fiz este Registo usei uma capa que me foi oferecida por alguém que estimo muito. Não resisti em compor um Senhor Santo Cristo o mais parecido possível com a imagem que se venera na Igreja do Convento da Esperança. Inicialmente não se destinava a ser vendida, por isso não era exposta. Mais tarde porque é pouco conhecida a imagem, pelo menos no Norte de Portugal, começamos a expô-la. Foi vendida há pouco tempo atrás. Parece-me que a pessoa que o comprou é tão amante do Senhor Santo Cristo quanto eu o sou.
Às vezes custa separar-me das minhas criações, mas por outro lado, tenho consciência que a par deste tipo de artesanato, há uma missão: a de mostrar às pessoas que "nem só de pão vive o homem".
Senhor Santo Cristo dos Milagres ilumina todas as famílias, especialmente as portuguesas, a seguir o caminho do perdão e da paz.
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domingo, 12 de dezembro de 2010

O passeio/peregrinação a Fátima

Éramos muitos numa antiga e podre Fiat. O peso das pessoas e da bagagem forçaram o motor da carrinha que, depois de rodar na antiga estrada nacional número um, com o motor a bufar fumo branco quente, se deixou ir a baixo poucos quilómetros depois do Porto.
Tudo e todos fora da carrinha, porque era necessário ver o que se passava. Falta de água, talvez...
Saímos e no local onde nos encontravamos não havia nada. Mesmo nada!
Também não era preciso porque se devorou em pouco tempo a merenda e o que restava do almoço, que era para o jantar. Felizmente que, quando chegássemos a Leiria podíamos beber um leite quente e dormiríamos como anjos.
A carrinha não dava sinais de querer encetar a viagem e os "mecânicos" pouco ou nada percebiam do assunto. Alguém achou que seria melhor andar para trás e ir até ao Porto para arranjar a carrinha.
Mas o problema é que deveríamos estar em Leiria por volta das 7 horas da tarde onde estavam outros familiares à espera dos ocupantes da carrinha. Era necessário telefonar, mas para isso precisavam de saber o número de telefone e encontrar onde fazer o telefonema.
As crianças não podiam fazer o serviço e os adultos que restavam eram insuficientes para tomar conta das crianças e da bagagem.
Um drama, porque era certo que em Leiria só estaríamos lá para as tantas da noite ou talvez nem isso.
Foram ao Porto com a carrinha e voltaram tarde e a más horas. Já todos bufavam, barafustavam e ninguém se entendia com a logística do grupo. Não havia água comida e tudo parecia irreal. Uma viagem que se esperava tranquila, parou no verdadeiro sentido da palavra a metade da viagem para Fátima.
A matriarca rezava com uma fé profunda e pedia para que tudo se concertasse.
Quando finalmente se recomeçou a viagem, a pequenada estava morta de fome e de sono, pelo que adormeceu com o embalo da carrinha que fazia um ruído esquisito.
Àquela hora da noite já ninguém acreditava que a família vinda do Norte chegasse bem e com vida ao destino.
Já se tinham alertado as autoridades, já se telefonara para os hospitais do Porto, Coimbra e sei lá quantos mais.
Mas graças às preces e à boa vontade do condutor lá chegaram sãos e salvos. As desculpas do costume, as lamúrias e os "filmes" que se tinham passado na ausência de notícias e lá foram, finalmente, dormir em camas limpas, depois do tal leitinho para temperar os estômagos famintos.
No dia seguinte, já tudo calmo felizmente, a pequenada com as fatiotas domingueiras e os adultos de igual forma, compuseram-se para assistir às cerimónias de Fátima. Foram feitas as respectivas fotos para a posteridade e já não regressaram na carrinha. A viagem de regresso foi de comboio, o que tornou a jornada de regresso numa autêntica festa!.


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Feiras de Inverno


O "negócio" das feiras/exposições, mete-se na gente e o pior é que não há como sair. Mesmo levando no "pêlo" forte e feio, a malta não desanda, mesmo que a crise esteja tão feia quanto o tempo! Chove a cântaros, vento nem se fala e quanto ao frio, o melhor é nem falar porque já me gela o corpo.
Estamos na Marinha Grande uma pequena/grande cidade onde o VIDRO fez e continua a fazer história. Muito embora não não seja a vidreira de outros tempos, ainda resistem alguns (poucos), vidreiros, que agora são artesãos.
Estão cá os melhores e esta exposição é de ***** , em matéria de organização, artesanato e afins. O pior é mesmo a falta de vendas! Mas até se compreende, porque não há dinheiro e quem o tem, de facto, não vem às exposições. Temos pena!!!