domingo, 12 de dezembro de 2010

O passeio/peregrinação a Fátima

Éramos muitos numa antiga e podre Fiat. O peso das pessoas e da bagagem forçaram o motor da carrinha que, depois de rodar na antiga estrada nacional número um, com o motor a bufar fumo branco quente, se deixou ir a baixo poucos quilómetros depois do Porto.
Tudo e todos fora da carrinha, porque era necessário ver o que se passava. Falta de água, talvez...
Saímos e no local onde nos encontravamos não havia nada. Mesmo nada!
Também não era preciso porque se devorou em pouco tempo a merenda e o que restava do almoço, que era para o jantar. Felizmente que, quando chegássemos a Leiria podíamos beber um leite quente e dormiríamos como anjos.
A carrinha não dava sinais de querer encetar a viagem e os "mecânicos" pouco ou nada percebiam do assunto. Alguém achou que seria melhor andar para trás e ir até ao Porto para arranjar a carrinha.
Mas o problema é que deveríamos estar em Leiria por volta das 7 horas da tarde onde estavam outros familiares à espera dos ocupantes da carrinha. Era necessário telefonar, mas para isso precisavam de saber o número de telefone e encontrar onde fazer o telefonema.
As crianças não podiam fazer o serviço e os adultos que restavam eram insuficientes para tomar conta das crianças e da bagagem.
Um drama, porque era certo que em Leiria só estaríamos lá para as tantas da noite ou talvez nem isso.
Foram ao Porto com a carrinha e voltaram tarde e a más horas. Já todos bufavam, barafustavam e ninguém se entendia com a logística do grupo. Não havia água comida e tudo parecia irreal. Uma viagem que se esperava tranquila, parou no verdadeiro sentido da palavra a metade da viagem para Fátima.
A matriarca rezava com uma fé profunda e pedia para que tudo se concertasse.
Quando finalmente se recomeçou a viagem, a pequenada estava morta de fome e de sono, pelo que adormeceu com o embalo da carrinha que fazia um ruído esquisito.
Àquela hora da noite já ninguém acreditava que a família vinda do Norte chegasse bem e com vida ao destino.
Já se tinham alertado as autoridades, já se telefonara para os hospitais do Porto, Coimbra e sei lá quantos mais.
Mas graças às preces e à boa vontade do condutor lá chegaram sãos e salvos. As desculpas do costume, as lamúrias e os "filmes" que se tinham passado na ausência de notícias e lá foram, finalmente, dormir em camas limpas, depois do tal leitinho para temperar os estômagos famintos.
No dia seguinte, já tudo calmo felizmente, a pequenada com as fatiotas domingueiras e os adultos de igual forma, compuseram-se para assistir às cerimónias de Fátima. Foram feitas as respectivas fotos para a posteridade e já não regressaram na carrinha. A viagem de regresso foi de comboio, o que tornou a jornada de regresso numa autêntica festa!.


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Feiras de Inverno


O "negócio" das feiras/exposições, mete-se na gente e o pior é que não há como sair. Mesmo levando no "pêlo" forte e feio, a malta não desanda, mesmo que a crise esteja tão feia quanto o tempo! Chove a cântaros, vento nem se fala e quanto ao frio, o melhor é nem falar porque já me gela o corpo.
Estamos na Marinha Grande uma pequena/grande cidade onde o VIDRO fez e continua a fazer história. Muito embora não não seja a vidreira de outros tempos, ainda resistem alguns (poucos), vidreiros, que agora são artesãos.
Estão cá os melhores e esta exposição é de ***** , em matéria de organização, artesanato e afins. O pior é mesmo a falta de vendas! Mas até se compreende, porque não há dinheiro e quem o tem, de facto, não vem às exposições. Temos pena!!!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Nova Feira, nova experiência.

O meu top model preferido exibe uma das minhas peças. Pena é que não se veja muito bem. Vale ao menos o sorriso encantador desta minha querida e muito amada neta.
Pois é, o tear ali ao fundo foi o nosso companheiro na exposição na Feira de Artesanato da Foz do Douro onde concorremos com tecelagem genuína.
Uma excelente feira que a todos, penso, agradou. Se bem que nem sempre as pessoas gostam do que têm, lá com a mania de que tudo deve ser perfeito.
Houve muita animação. Os restaurantes não primaram pela qualidade, mas quase todos são assim, imperfeitos porque o que está a dar é a fortuna fácil!!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Encontrar o belo, no feio!

Quando visitei pela primeira vez o novíssimo Santuário/Basílica de Fátima, lembro-me de ter franzido a testa quando me prostrei em frente do Cristo aqui representado. E só não disse "que horror!!!", porque já tenho idade para calar a boca e até os pensamentos, quando estou perante o que se chama de arte!
Mas ainda assim, ficou aquela saudade de um Cristo de face ensanguentada, curvado pela dor e sofrimento na hora derradeira da sua Vida terrena. Todavia, não deixo de refletir numa coisa interessante: todos temos o culto do belo e senão vejamos: - Se uma rapariga bonita solicita uma informação, esta não lhe é regateada e, bem pelo contrário, o solicitado/a até pára o que está a fazer e só não cai de nariz no chão porque tropeça, ao ver a beleza e graciosidade da rapariga. Ao contrário se se trata de uma feiona, um camafeu, nem olham e até empurram a desgraçada para não "sujar" o ambiente.
Todos queremos ser belos (e amarelos, digo eu), contudo nunca se pensa que mesmo feios, temos sempre algo de atraente. O que não sabemos é salientar essa virtude, esse encanto ou esse jeito de ser.
Vejam-se os modelos. Lindos, encantadores, quer homens, quer mulheres. Disputados até ao âmago, porque são diferentes dos feios. Os feios ninguém os quer. Mas porquê???
Será que cultivamos o belo inconscientemente ou nele nos fizeram acreditar, ficando cegos, vesgos e burros perante a outra face da moeda?
Bom, eu por mim falo! Quando me apresentava perante alguém na companhia de alguém belo, apesar de ser eu a interessada no negócio, nunca me dirigiam a palavra. Resultado, passei a ir só e a exibir o mais atraente sorriso, sempre acompanhado de uma saudação com olhos brilhantes. E não é que resulta apesar de não ser bela?!
O que as pessoas não viram ainda é que os belos são na realidade feios. Uns por dentro e outros por fora. Mas atenção: há excepções. Porque há belos por fora e muito mais belos por dentro. Ex: Angelina Jolie.
Mas já viram uma dessas vedetas acabada de sair da cama, desgrenhada, com papos nos olhos, sem pintura e com uma tshirt amarrotada?. E já a imaginaram no banheiro?, com as calcinhas nos joelhos??? Ah! São belas? São belas? Qual quê!!!. São horrorosas e o mesmo se passa com os gajos, ou pensam que são só as mulheres que se arranjam? Habitue-se a ver o belo no feio!

sábado, 10 de julho de 2010

A Feira de S. João em Évora

12 dias de feira e festa rija, como manda a cartilha!
Contrariamente ao que se passa no Norte, a Sul do País ainda se sabe organizar uma feira, colocando no mesmo espaço, com os espaços devidos, o que é artesanal do que é comercial. Não faltava nada, incluindo diversão, musica, alegria, pessoas de todas as idades e classes e muita pequenada, até às tantas da noite.
Foi divertido encontrar artesãos cheios de imaginação e com peças lindíssimas para mostrar. Encontrei alguns que tornaram a nossa estada num luxo, apesar das temperaturas que se faziam sentir!
A ceramista Nazaré, a Bela e os seus acessórios de moda, o Alentejano Martins e as suas lindíssimas cabaças, o José "Cesteiro", o José "Sapateiro", o Latoeiro e todos os que de um e outro lado da alameda, ofereciam o melhor que têm de artesanato original.
Nós participamos com tapeçaria do tempo das nossas avós. Foi apreciado, mas comparativamente, a nossa arte é menor que aquela que pudemos apreciar junto dos artesãos concorrentes. Ainda assim, tivemos um excelente resultado, apesar da distância e dos respectivos gastos! Obrigada a todos os alentejanos!


sábado, 5 de junho de 2010

Eventos...????

Recentemente visitei uma feira de gastronomia. Por sinal fui até lá porque queria jantar peixe e nada melhor que um evento com esse luxo na ementa.
Procurei um dos restaurantes e sentei-me para a janta. Ao mesmo tempo que me acomodava na cadeira, entrava o rancho folclórico da vila com toda a pujança e circunstância. Ouvi-os ao longe cantar e vi-os dançar. Confesso que, como já é habitual nestes certames a presença do folclore, não me esforcei muito para os ver e ouvir, atentamente. Mas pareceu-me que representaram bem o seu papel.
Pedi um dos pratos da ementa. Esperava um peixe assadinho à maneira e com acompanhamento qb. Mas não foi assim que aconteceu. O peixe não fora assado, mas amassado entre dois lados quentes de uma chapa, provavelmente electrica. O acompanhamento estava tão mau, quanto o peixe. Valeu-me o facto de não ter pedido muito peixe, porque ficaria com fome no estômago e na carteira também.
Mas isto não interessa muito. Aliás, neste nosso Portugalzinho já nos habituamos a comer gato por lebre e ainda assim mal cozinhado!
Depois fui dar uma volta ao "quarteirão" para ver o que estava exposto nas respectivas secções do de artesanato.
Fiquei chocada. Artesanato, artesanato, havia muito pouco. Alguns até se esforçaram para dar a entender que o que mostravam eram peças originais, não importando se são feitas com as mãos ou com qualquer outro meio. O que é importante é que sejam originais, o mesmo é dizer, criadas e imaginadas por quem as confecciona.
Dei comigo a pensar que o dito artesanato ali exposto parecia um entretenimento para quem lá ia jantar.
Acredito que quem organiza, quer mostrar um evento singular e recolher no final um "muito bem" ou "estava espetacular", ou "foi muito gratrificante cá vir", mas o que se acaba por conseguir é uma amálgama de amostras sem qualquer critério, seja ele de índole gastronómica, seja artesanal. E isto é frequente, parecendo que o artesanato ( o tal que é original), é o parente pobre nos eventos, "convidado" para preencher espaços e, sobretudo, para uma amostragem pouco dignificante para o verdadeiro artesão.
Sem falar noutros inconvenientes, confundem-se os sabores e os perfumes, que variam entre peças saídas de baús, sardinhadas, pão com chouriço ou bolinhos de bacalhau!
Artesanato é artesanato, gastronomia é gastronomia. Sei que há muito boa gente que não falha a nenhuma destas feiras e afins. É a forma de angariar mais uns trocados, que não se deve condenar. Mas é uma coisa feia de se ver. Por isso cansa ver sempre as mesmas caras atrás de um "stand" mais ou menos enfeitado com trabalhos que não são originais e muito menos elaborados por verdadeiros artesãos, ainda que alguns exibam os competentes certificados! Ou seja, é um mundo de mentiras e hipocrisia a começar pelos responsáveis pelos eventos.
É uma pena, mas o que havemos de fazer?
Para quando se espera um exemplar critério de escolha para os eventos sem os misturar e o mesmo para o critério de selecção de artesãos e produtos, que não sejam os jurássicos bordados, as cópias de tapeçaria, as peças de bijuteria, os bonecos importados da china, etc.etc.???