Procurei um dos restaurantes e sentei-me para a janta. Ao mesmo tempo que me acomodava na cadeira, entrava o rancho folclórico da vila com toda a pujança e circunstância. Ouvi-os ao longe cantar e vi-os dançar. Confesso que, como já é habitual nestes certames a presença do folclore, não me esforcei muito para os ver e ouvir, atentamente. Mas pareceu-me que representaram bem o seu papel.
Pedi um dos pratos da ementa. Esperava um peixe assadinho à maneira e com acompanhamento qb. Mas não foi assim que aconteceu. O peixe não fora assado, mas amassado entre dois lados quentes de uma chapa, provavelmente electrica. O acompanhamento estava tão mau, quanto o peixe. Valeu-me o facto de não ter pedido muito peixe, porque ficaria com fome no estômago e na carteira também.
Mas isto não interessa muito. Aliás, neste nosso Portugalzinho já nos habituamos a comer gato por lebre e ainda assim mal cozinhado!
Depois fui dar uma volta ao "quarteirão" para ver o que estava exposto nas respectivas secções do de artesanato.
Fiquei chocada. Artesanato, artesanato, havia muito pouco. Alguns até se esforçaram para dar a entender que o que mostravam eram peças originais, não importando se são feitas com as mãos ou com qualquer outro meio. O que é importante é que sejam originais, o mesmo é dizer, criadas e imaginadas por quem as confecciona.
Dei comigo a pensar que o dito artesanato ali exposto parecia um entretenimento para quem lá ia jantar.
Acredito que quem organiza, quer mostrar um evento singular e recolher no final um "muito bem" ou "estava espetacular", ou "foi muito gratrificante cá vir", mas o que se acaba por conseguir é uma amálgama de amostras sem qualquer critério, seja ele de índole gastronómica, seja artesanal. E isto é frequente, parecendo que o artesanato ( o tal que é original), é o parente pobre nos eventos, "convidado" para preencher espaços e, sobretudo, para uma amostragem pouco dignificante para o verdadeiro artesão.
Sem falar noutros inconvenientes, confundem-se os sabores e os perfumes, que variam entre peças saídas de baús, sardinhadas, pão com chouriço ou bolinhos de bacalhau!
Artesanato é artesanato, gastronomia é gastronomia. Sei que há muito boa gente que não falha a nenhuma destas feiras e afins. É a forma de angariar mais uns trocados, que não se deve condenar. Mas é uma coisa feia de se ver. Por isso cansa ver sempre as mesmas caras atrás de um "stand" mais ou menos enfeitado com trabalhos que não são originais e muito menos elaborados por verdadeiros artesãos, ainda que alguns exibam os competentes certificados! Ou seja, é um mundo de mentiras e hipocrisia a começar pelos responsáveis pelos eventos.
É uma pena, mas o que havemos de fazer?
Para quando se espera um exemplar critério de escolha para os eventos sem os misturar e o mesmo para o critério de selecção de artesãos e produtos, que não sejam os jurássicos bordados, as cópias de tapeçaria, as peças de bijuteria, os bonecos importados da china, etc.etc.???
que legal, gostei do teu jeito de escrever hehe sei la...é gostoso de ler :) [eu li algumas coisas no teu outro blog]
ResponderEliminar=] abraço
fernando cambruzzi
Brasil
Obrigada Fernando. Adorei saber que um brasileiro gosta do meu jeito de escrever!. Abraços!!!
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